Vamos Abrir um Pequeno Negócio?

Capitulo 1

Pequenos negócios...o que é isso?

Vamos iniciar fazendo uma reflexão: Afinal, o que é um pequeno negócio? Porque todo esse interesse do governo, associações de classe, entidades de apoio empresarial etc., nesse tipo de empresa? Por que os pequenos negócios merecem legislação especial, como o Estatuto da Micro e Pequena Empresa, o Simples e até menção específica na Constituição do país?
Na verdade, pequenos negócios - nome genérico das micro e pequenas empresas - são unidades produtivas. Ou seja, são meios, objetos e pessoas que trabalham para produzir bens econômicos.

De acordo com a lei que criou o Simples, em 1996, microempresa é aquela que tem um faturamento anual bruto de até R$ 120.000,00 e pequena empresa é aquela que fatura entre R$ R$ 120.001,00 a R$ 1.200.000,00 por ano.

O interesse de toda a sociedade em relação aos pequenos negócios é explicado pelo seu grande significado político e econômico.

Político porque as micro e pequenas funcionam como fator de equilíbrio da estrutura empresarial do Brasil, pois são em sua grande maioria nacionais e coexistem com as grandes empresas. Econômico porque geram um grande número de empregos, por isso, contribuem muito na geração de receitas e na produção de bens.

Para se ter uma idéia, da 470 mil empresas registradas pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC) no Brasil em 1998, 34% foram enquadradas como micro empresas e cerca de 50% eram pequenas e médias. Ou seja, pelo menos 84% dos empreendimentos, no país, são de pequeno porte.

No entanto, muitos empresários não conseguem manter suas portas abertas por muito tempo - 56.291 empresas foram extintas em 1998, 11,4% a mais que no ano anterior. Supõe-se que metade dos pequenos negócios abertos no país não passam do primeiro ano. O que leva tantas empresas a extinção? O que faz com que outras sobrevivam aos trancos e barrancos?

O fracasso pode estar ligado à falta de dinheiro no mercado, escassez de recursos próprios etc. Mas outras causas podem estar nos próprios empreendedores. Isto é, a falta de habilidade administrativa, financeira, mercadológica e tecnológica.

A força que empurra o empresário para o sucesso é, sem dúvida, a vontade de enfrentar o desafio de abrir o próprio negócio. Mas somada à essa vontade tem que haver a disposição para adquirir conhecimentos e para desenvolver comportamentos adequados a empreendedores bem-sucedidos. 


Capitulo 2

"Os Dez Mandamentos"

Pesquisas feitas com empresários bem-sucedidos identificaram qualidades comuns a todos eles. Aproveitando essa "receita" montou-se um decágolo do empreendedor de sucesso. Dez itens que revelam a personalidade de homens e mulheres que foram a luta e obtiveram seu lugar no mercado.
 
 
 
 

1. Assumir riscos

Esta é a primeira e uma da maiores qualidades do verdadeiro empreendedor. Arriscar conscientemente é ter coragem de enfrentar desafios, de tentar um novo empreedimento, de buscar, pos si só, os melhores caminhos, é ter autodeterminação. Os riscos fazem parte de qualquer atividade e é preciso saber lidar com eles.


2. Identificar oportunidades

Ficar atento e perceber, no momento certo, as oportunidades que o mercado oferece e reunir as condições propícias para a realização de um bom negócio é outra marca importante do empresário bem-sucedido. Ele é um indivíduo curioso e atento a informações, pois sabe que suas chances melhoram quando seu conhecimento aumenta.

3. Conhecimento

Quanto maior for o domíno de um empresário sobre um ramo de negócio, maior é sua chance de êxito. Esse conhecimento pode vir da experiência prática, de informações obtidas em publicações especializadas , em centros de ensino, ou mesmo de "dicas" de pessoas que montaram empreendimentos semelhantes.

4. Organização

Ter capacidade de utilizar recursos humanos, materiais - financeiros e tecnológicos - de forma racional. Resumindo: ter senso de organização. É bom não esquecer, que na maioria das vezes, a desorganização - pricipalmente no início do empreendimento - compromete seu funcionamento e desempenho.

5. Tomar decisões

O sucesso de um empreendimento, muitas vezes, está relacionado com a capacidade de decidr corretamente. Tomar decisões acertadas é um processo que exige o levantamento de informações, análise fria da situação, avaliação das alternativas e escolha da solução mais adequada. O verdadeiro empreendedor é capaz de tomar decisões corretas, na hora certa. 

6. Liderança

Liderar é saber definir objetivos, orientar tarefas, combinar métodos, estimular as pessoas no rumo das metas traçadas e favorecer relações equilibradas dentro da equipe de trabalho, em torno do empreendimento. Dentro e fora da empresa, o homem de negócios faz contatos. Seja com clientes, fornecedores, empregados. Assim, a liderança tem que ser uma qualidade sempre presente. 

7. Dinamismo

Um emprendedor de sucesso nunca se acomoda, para não perder a capacidade de fazer com que simples idéias se concretizem em negócios efetivos. Manter-se sempre dinâmico e cultivar um certo inconformismo diante da rotina é um de seus lemas preferidos.

8. Independência

Determinar seus próprios passos, abrir seus próprios caminhos, ser seu próprio patrão, enfim, buscar a independência é meta importante na busca do sucesso. O empreendedor deve ser livre, evitando protecionismos que, mais tarde, possam se tornar obstáculos aos negócios. Só assim surge a força necessária para fazer valer seus direitos de cidadão-empresário.

9. Otimismo

Esta é uma característica das pessoas que enxergam o sucesso, em vez de imaginar o fracasso. Capaz de enfrentar obstáculos, o empresário de sucesso sabe olhar além e acima das dificuldades.

10. Tino empresarial

O que muita gente acredita ser um "sexto sentido", intuição, faro empresarial, típicos de gente bem sucedida nos negócios é, na verdade, na mioria das vezes, a soma de todas as qualidades descritas aqui. Se o empreendedor reúne a maior parte dessas características terá grandes chances de ter êxito. Quem quer se estabelecer por conta própria no mercado brasileiro e, principalmente, alçar vôos mais altos, na conquista do mercado externo, deve saber que clientes, fornecedores e mesmo concorrentes só respeitam os que se mostram à altura do desafio.

 
 
 

Capitulo 3

Qual é meu ramo?

Talvez a maior dúvida de uma pessoa, ao decidir iniciar um negócio próprio, seja selecionar o ramo de atividade ideal. Isso porque existe uma lista enorme de atividades empresariais. De acordo com o IBGE, elas podem ser divididas em três grupos: 
 
 

Indústria

  • Produtos minerais não metálicos
  • Metalurgia
  • Material elétrico e de comunicações
  • Material de transporte
  • Madeira
  • Mobiliário
  • Papel e papelão
  • Borracha
  • Couros, peles e produtos similares
  • Química
  • Produtos farmacêuticos e veterinários
  • Perfumaria, sabão e velas
  • Têxtil
  • Vestuário, calçados e artefatos de tecido 
  • Produtos alimentares
  • Bebidas e álcool etílico
  • Fumo
  • Editorial e gráfica
  • Construção Civil
  • Indústrias diversas

 

Comércio

  • Ferragens, artigos sanitários, material de construção
  • Máquinas, aparelhos e material elétrico
  • Instrumentos musicais, discos, fitas e músicas impressas
  • Veículos e acessórios
  • Móveis, artigos de decocração e utilidade doméstica
  • Papel, impressos e artigos de escritório
  • Produtos químicos e farmacêuticos
  • Combustíveis e lubrificantes
  • Tecidos e artefatos de tecidos
  • Produtos alimentícios, bebidas, fumo e estimulantes 
  • Mercadorias em geral, inclusive produtos alimentícios (supermercados)
  • Artigos diversos: artefatos de couro e similares; artigos óticos; brinquedos e artigos esportivos; joalherias, relojoarias e bijuterias etc.
  • Artefatos de borracha e plástico
  • Artigos usados

 

Serviços

  • Administração de imóveis e valores imobiliários
  • Transportes
  • Comunicação
  • Alojamento e alimentação
  • Reparação e conservação
  • Pessoais
  • Domiciliares
  • Diversão, radiofusão e televisão
  • Técnico - profissional
  • Auxiliares de atividades econômicas
  • Comunitários e sociais
  • Médicos, odontológicos e veterinários
  • Ensino
  • Outros

 

O que pesa na escolha?


Como se viu, existem muitas atividades a serem exploradas, mas, atenção, há uma série de fatores que influenciam e limitam a escolha do seu ramo de negócio. Vejamos alguns:
 

# Experiência

Algo que pesa na definição do ramo de atividade é a experiência profissional. Ter vivência prática ou teórica em determinada atividade já é um ponto positivo na escolha. É bem mais fácil iniciar uma olaria, padaria, gráfica ou confecção se você já domina as técnicas para fazer tijolo, pão, impressos ou roupas, não é mesmo?

Outro dado a ser considerado é a sua popularidade junto a clientes potenciais. Um excelente mecânico, por exemplo, com bom conceito na praça, ao abrir sua própria oficina provavelmente levará para ela garnade parte dos clientes que atendia anteriormente.



 

# Mercado fornecedor

É preciso analisar o mercado fornecedor para ver se existe disponibilidade de equipamentos, matéria-prima ou mercadorias em quantidade, qualidade, preço, prazo e distribuiçãocompatíveis com as condições e necessidades do empreendimento que se deseja iniciar.

Assim, se você pode montar uma pequena confecção, terá que analisar se existem fornecedores de corte e costura, tecidos, acessórios, aviamentos, que garantam o abastecimento constante desses produtos e , ainda, com preços adequados, bons prazos de pagamento, quantidade suficiente para atender a demanda e qualidade de acordo com os padrões de sua futura empresa.



 

# Mercado consumidor

A existência de mercado consumidor é fator fundamental para qualquer empresa. Antes de tudo é preciso conhecer o potencial desse mercado, ou seja, a demanda (procura) provável para determinados produtos ou serviços. 

Depois, é necessário segmentar esse mercado, já que é impossível atender a todo o mercado potencial. Segmentar é dividir em "fatias".

O processo mais utilizado para "fatiar" o mercado é o demográfico. Para isso deve ser obtida uma série de informações, tais como: sexo e idade dos consumidores que se sentem atraídos por um determinado produto; principais ocupações dos consumidores de determinado produto; faixas de renda dos consumidores de uma certa região; usos, costumes, hábitos e nível de instrução dos consumidores etc.

Esses dados formarão o "perfil do consumidor". Parece difícl obter todas essas informações, mas não é. Você pode encontrá-las em publicações estatísticas oficiais e particulares de pesquias de mercado e censo.

Conhecendo as diversas "fatias" do mercado e traçando o perfil médio do consumidor você saberá qual o o segmento mais adequado ao tipo de negócio que você vai iniciar. E mais: terá uma idéia de como atuar no mercado, como utilizar os recursos disponíveis, que tipo de propaganda vai usar e, principalmente, qual linha de produtos ou serviços vai oferecer.



 

# Recursos financeiros e humanos

Outros fatores de grande importância na escolha do ramo de atividade são os recursos financeiros e humanos. Você terá que avaliar os recursos financeiros de que dispõe e a possibilidade de conseguí-los de terceiros (bancos etc) para cobrir as despesas de registro, regularização, instalações e funcionamento do negócio. Geralmente deixada em segundo plano, a mão-de-obra deve ser analisada quanto à faixa salarial e disponibilidade na região. 

 

# Localização

A localização influencia muito na hora da escolha do ramo. A indústria, por exemplo, deve se situar em áreas que tenham uma infra-instrutura mínima (água, energia, estradas, transportes etc.). O comércio e alguns serviços requerem locais onde existam bom tráfego de pedestres, veículos e fácil acesso dos clientes.

 

# Ponto de venda

Esse fator é vital para o ramo comercial. Nesse sentido, muita atenção nos seguintes aspectos: 

    Concorrência

    Observe os futuros concorrentes, vendo as lojas da mesma linha que a sua; pontos fracos e fortes dessas lojas; qualidade das mercadoria; atendimento etc. 

    Ambiente externo

    Observe o tráfego de carros e pessoas; estacionamento e calçadas; imagem que a população tem da área etc.

    Analise a fachada do prédio; locais para colocação de placas e faixas; avalie se a área de vendas é suficiente, contando com colocação de vitrines, prateleiras, balcões, circulação do freguês etc. Atente também se o ponto vai se localizar em áreas centrais, bairros, centros comerciais ou shopping centers etc.


Fonte: Revista Exportar & Gerência - edição março/99